segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"... Nas palavras quotidianas sobre gestos mundanos, há sempre um discurso com reticências, com certezas questionadas, com questões exclamadas, com ponto finais, vírgulas e travessões."

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Há dias de Outubro...

   Num Outubro de tempo chuvoso, inerte, mais parado que os anos do antigamente, os rostos vagueiam nas ruas como espelhos meteorológicos. Há palidez de expressões, correrias preocupadas, azáfama diária do corre corre por uma vida melhor. Os sorrisos? Esses também estão lá, também saem à rua todos os dias, por vezes sinceros, expressivos e sonoros, nas outras revestidos, de preocupação, de sonhos que custam a realizar, de uma esperança esmorecida e quase desaparecida, de um descontentamento pessoalócolectivo.
   Num Outubro austéro em economia, vivemos numa sociedade de contágio, num país onde a austeridade ameaça todos os sentidos, todos os níveis, todas os vértices do nosso "eu" pessoal e do nosso "eu" na colectividade. Onde o "eu" precisa de apoio, onde o "tu" precisa do "eu", onde o "nós" tenta ser abalado por um "eles" indefinido da culpa da situação.
   Num Outubro quase de sentido perdido, somos seu reflexo. Andamos desorientados, onde as coordenadas do GPS da sociedade parecem trocadas, com distúrbios de bom-senso, de racionalidade e de visão clara do essencial. Onde os jovens inquietam a sua busca de profissão, onde o "não" após "não" soa num repetição assustadora e onde a ignorância dói e afunda o acreditar, o construir, o ser capaz ... Onde os pais não sabem o que será do futuro dos filhos que criam com o amor de todos os dias... Onde os filhos não sabem o que será da velhice dos pais, onde os mais velhos querem acreditar na vitória dos jovens e onde estes se frustram por viverem (durante muitos mais anos que o desejado) à"custa" dos seus mais velhos por não conseguirem o seu lugar ao sol e lá poderem brilhar...
   Num Outubro de folhas esvoaçantes e coloridas, que caem para dar lugar a vida noutras que hão-de voltar a nascer, temos de nos ter uns aos outros. Temos de ser uma só voz, um só coração e uma única alma que luta com mãos calejadas de vontade e pés orientados para um mesmo sentido....
   Num Outubro que tanto me diz...