quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dia de S. Valentim

"Gosto de ti. És tudo para mim. Toma esta prenda".... "Adoro-te, não só hoje, mas em todos os dias e como prova do meu sentimento trouxe-te esta lembrança!"... "És simplesmente linda. Tudo para mim. Trouxe isto para ti"...

Os discursos fluem em tom de paixão ardente e os sentimentos tocam-se na textura da pele. O esquecimento é impossível tão vasta e excessiva é a lembrança. O ignorar é "pecado capital-" para muitos, uma culpa imperdoável e insuperável! 
Do dia de hoje eternizo um episódio de Escola Básica (que na altura alguns ainda chamavam de preparatória e onde a nossa preparação ia no seu 5º ou 6º ano). Não foi comigo, mas recordo-o a cada 14 de Fevereiro com uma eterna gargalhada!
 O conceito de  amor na pré-adolescência reportava-nos para uma fantasia de dar e receber a cada Dia dos Namorados. Era imperativo, custasse o preço que custasse! Embrulho bonito, laço aprumado, presente de loja de bijutaria que levava as meninas a suspirar. A aparência era cuidada, com umas gotinhas de perfume "roubadas" da última aquisição do pai. Discurso bonito. Palavras e juras de amor. E a primeira tentativa falhada com um "Sai daqui. Não te quero ver mais". Discurso novamente fluido, mais uns "gosto muito de ti" e a segunda donzela também não quis cair na "canção do bandido" e fez com que a segunda tentativa caísse também por terra. Mas, já diz a sabedoria popular, que "Não há duas sem três!", por isso, pés ao caminho e mais palavras bonitas rumo ao terceiro alvo. Desta vez não houve "sai daqui", nem tão pouco oportunidade para a pronuncia de qualquer acto de amor maior, houve vontade e uma bela pancadinha (não me pareceu nada de amor e até a mim, que assisti à cena, me doeu um bocadinho tal a intensidade) de afastamento e humilhação, que as mulheres são bravas e decididas! Desta vez a terceira não foi de vez. Acredito que aquele S. Valentim tenha servido de lição ao tal rapaz. Não sei se houve uma querta, quinta, décima tentativa de "ser" ou "fazer" alguém feliz naquele dia. Sei que a notícia correu, a risada era geral a cada passagem do "Rapaz que (tentou) promover a felicidade, (através das frases que começam este post)" num qualquer espaço público da escola. E sei também, que ainda hoje, quando o vejo passar, me lembro de cada bocadinho deste dia e me coloco a pensar "Será que ele aprendeu que o dia de S. Valentim tem um significado muito simples? O de ver a singularidade no meio de uma linda multidão?" (Enquanto penso, a risada é automática. O episódio foi simplesmente memorável!)

[Ver a singularidade no meio de uma linda multidão é mais ou menos isto.]

[Não gosto dos exageros e quase obrigatoriedades do dia, mas gosto-lhe do significado. Das coisas simples que o podem marcar. Gosto do "Gosto de ti!"]

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