terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Porque tudo...

É madrugada.
Lá fora a acalmia serena que se interrompe a cada automóvel perdido.
Na escuridão paira o silêncio gelado dos amarelos alertas de uma noite de inverno.
Há, por entre as paredes silenciosas, a estranheza do barulho soluçar de dois olhos, que falam a um só coração.
Falam de entrega. Escorrem as lágrimas da doação total e plena.
Sufocam-se no sono que se espairece por pensamentos de preocupação, mais que egoísta, mais que singular, colectiva.
Entoam os gritos calados da razão, do estender a mão ao que reflecte o coração.
Ressurgem as memórias.
Crescem  fantasmas gratuitos dos obstáculos quotidianos. São vidas injustas. São linhas que se tentam cruzar, para emaranhar de nós sem sentido e sem solução a estrada que se trilha, a trabalho árduo por cada segundo, com mãos recheadas de afectos puros.
Torna-se na noite longa com ausência de palavras.
É a solidão solitária de um quarto apagado.
Porque tudo, na certeza que se tem, é simplesmente amor!

2 comentários: