sábado, 1 de março de 2014

Vem...

Vem sussurrante e de mansinho.
Vem e traz o que ele despedaçou.
Traz o aconchego de um beijo mais audaz, mais felino, mais apaixonante.
Carrega a beleza dos dias que ele roubou.
Abre a janela de rompante, fazendo esquecer as portas fechadas, cada dia de todos os poucos dias dele.
Vem! Vem e dissipa. Arrasa. Faz crescer.
Pinta de cor-de-rosa o cinzento triste e apagado que ele esboçou.
Renasce-me os dias. Renasce-me a alegria de ter. Reaproxima.
Tu. Traz também a leveza das flores que nascem, a frescura dos odores primaveris e a beleza do sol e coloca-os no caminho que ele trilhou de obscuridade de acções.
Entra de rompante e sê a nova marca e o novo rosto, recolorindo a pintura que ele forjou e voltou a forjar.
Traz o sol à chuva que ele trouxe. Traz o sorriso e corrompe as lágrimas que ele plantou.
Sê a paz para a  revolta agitada que ele criou.
Tão pequeno, tão demoníaco, tão cruel.
Em ti, tenho a esperança do renascer. Do avançar e da luz que brilha lá ao fundo do túnel, para se espelhar nos nossos sorrisos.
Tu. Tu és a âncora a que me agarro e porque suplico desde o meio dele.
Tu que és a simbologia da chegada, sê a simbologia do reencontro e do fim das trevas.
Tu, que tanto trazes para alegrar, todos os anos, traz mais um bocadinho, porque ele doeu demais. Porque ele também trouxe uma crueldade tamanha, quase impossível de suportar. Quase tão impossível de curar. Porque ele fez doer tanto e as minhas esperanças sempre estiveram postas em ti.
Vem Março e faz esquecer o que Fevereiro roubou.

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